terça-feira, 6 de março de 2012

Militares têm versão de que José Dirceu insuflou ministras a atacarem militares para retaliar Dilma

Nos bastidores da inteligência militar, surge uma versão para a manobra desastrada do governo que resultou na mais grave crise militar desde 1985, quando o General João Batista de Figueiredo deixou o Palácio do Planalto pela garagem. Um movimento de bastidores promovido pelo ex-ministro José Dirceu, em retaliação à Presidenta Dilma Rousseff, teria motivado as declarações de duas ministras pela revogação da lei de anistia e em favor da ação revanchista da Comissão da Verdade.

Na versão que circula no serviço reservado das Forças Armadas, José Dirceu teria procurado Dilma para lhe pedir que fizesse uma pressão sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, para livrá-lo de uma quase certa condenação no julgamento do Mensalão. Dilma teria lhe respondido que não cabia a ela e nem teria a menor condição política de atender a tal pedido descabido. Contrariado, Dirceu teria bolado uma maneira de dar um troco político à companheira, desgastando-a.

Na versão do serviço reservado de uma das forças – que é comentada, nos bastidores empresariais, por donos de uma grande rede de comunicação que não têm interesse (ainda) em divulgá-la -, Dirceu teria insuflado as ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Secretaria da Mulher) a criticarem os militares. O problema é que, se realmente foi planejada, tal manobra saiu do controle. As bobagens ditas pelas ministras geraram o Manifesto Interclubes Militares, divulgado dia 16 de fevereiro. O governo cometeu a bobagem de mandar censurá-lo, escalando o General Enzo Peri, comandante do EB, para negociar a retirada do texto do site do Clube Militar.

Em resposta, Generais na Reserva reagiram com o “Alerta à Nação”. O ministro da Defesa, Celso Amorim, se sentiu atingido em sua autoridade e prometeu punir quem assinou o texto. Para aumentar a temperatura do inferno institucional, em reportagem de Miriam Leitão na Globo News e no jornal O Globo, o General de Divisão na reserva, Luiz Eduardo da Rocha Paiva, cometeu a ironia de recomendar que Dilma Rousseff também seja convocada pela Comissão da Verdade para explicar sua participação no plano terrorista que assassinou, barbaramente, com a explosão de uma bomba, o soldado Mário Kozel Filho, no Quartel do Ibirapuera, em 26 de junho de 1968.

Se tal versão militar for mesmo verdadeira, a autofagia petista deve doer bem mais que a queda de uma barra de metal no pé (como ocorreu ontem com Dilma, na Alemanha). Uma pista de que a retaliação de Dirceu tem tudo para realmente ter ocorrido foi a súbita demissão do ministro Luiz Sérgio. Ligadíssimo a Dirceu, ele foi tirado do ministério da Pesca para a entrada do senador Marcelo Crivella. A versão oficial de que a troca era para acomodar o PRB no governo começa a perder sustentação.

Lista crescendo

A cada instante aumenta a lista dos militares na reserva, aderindo ao manifesto “Alerta à Nação - "ELES QUE VENHAM. POR AQUI NÃO PASSARÃO!”, que o ministro da Defesa, Celso Amorim, tem a intenção de mandar seus subordinados comandantes punirem.

Até meia noite de ontem, o texto era endossado por 81 Generais (20 Generais de Exército, 21 Generais de Divisão e 40 Generais de Brigada), 1 desembargador TJ/RJ, 364 coronéis, 88 ten coronéis, 20 majores, 41 capitães, 49 tenentes, 30 subtenentes, 27 sargentos, 8 cabos e soldados.

Resta esperar se os chefes militares terão mesmo disposição para punir tanta gente, seguindo a vontade do Ministro da Defesa.

Temperatura subindo

Sócios do Clube Naval pedem uma Assembléia Geral Extraordinária.

Querem discutir, principalmente, o risco de punição a militares na reserva que expressaram sua livre opinião, dentro da lei e da ordem constitucional.

Resta esperar para ver se o Vice Almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral terá condições políticas de agendar tal reunião.

Leia, abaixo, o inteiro teor do pedido de Assembléia no Clube Naval.


Tese errada

O Ministério Público Militar insiste na tese equivocada de que os oficiais da reserva estão sujeitos ao ordenamento disciplinar das respectivas corporações.

Procuradores alegam que eles não podem ser enquadrados no Código Penal Militar pelas opiniões políticas que manifestaram, mas, em âmbito disciplinar, cabem as sanções que os comandantes das Forças Armadas irão aplicar.

Mas não é isso que deixa clara a Lei 7.524: “Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público”.

Sigla pesada

Militares na reserva espalham na internet uma nova sigla:

CAPOD = Cagando e Andando Para a Opinião da Dilma.

O problema é que a Presidente parece fazer o mesmo em relação a opinião dos militares, e ainda manda seu ministro da Defesa atacar, ilegalmente, quem faz críticas...

Palestrando

“Exército Brasileiro: sua realidade, lutas e desafios”

Eis o tema da palestra que será dada pelo General de Exército Adhemar da Costa Machado Filho, atual Comandante Militar do Sudeste, foi Instrutor nas principais Escolas Militares, chefiou o Centro de Comunicação Social do Exército, participou de missões no Exterior e comandou a 5ª Região Militar – 5ª Divisão do EB.

Será 15 de março, quinta-feira, no Club Homs – Av. Paulista, 735 – São Paulo-SP – próximo ao metrô Brigadeiro.

Apanhando

O General Adhemar da Costa Machado Filho volta a ser vítima da guerra psicológica contra o Exército e seus valores essenciais.

A Revista Piauí, que circula a partir de hoje, traz uma reportagem de Consuelo Diegues, reproduzindo o mesmo conteúdo de reportagens do SBT em que o General Adhemar critica a presença de homossexuais no Exército.

Os sargentos homossexuais Laci Marinho e Fernando Alcântara, expulsos do EB, prometem usar a gravação como prova de que foram vítimas de “homofobia”.

Agora, um forte movimento de solidariedade ao General Adhemar pode alimentar ainda mais a atual crise militar...

Gravação ilegal

No dia 28 de dezembro de 2006, o subtenente Davi Reis gravou uma conversa pessoal com o General Adhemar, então comandante militar do Planalto.

Na conversa, o General revela saudades dos tempos da ditadura militar, ou do”velho Exército”, como chama, em que se podia arrombar uma porta, dar “uma porrada” e pegar o desafeto “à força”.

Por ter gravado a conversa com o General, Davi Reis responde a processo que pode resultar na sua expulsão do Exército, após 26 anos de serviço.

Risco de crise institucional?

Do Historiador Carlos Fico, em O Globo, sobre os perigos da crise aberta pelo governo com os militares na reserva?

“Os militares erraram, mas o governo precisa ter serenidade. O manifesto interclubes foi uma espécie de provocação. Eles expressaram insatisfação num tom forte. O governo conseguiu uma vitória política: obrigar o Clube Militar a retirar o manifesto. Os militares da reserva têm direito a se manifestar. Mas a nota que saiu depois atinge a hierarquia e a disciplina. Diz que o Congresso pratica revanchismo explícito, é inconsequente. Isso, os militares da reserva não poderiam fazer. Contraria o estatuto militar. Mas, se o governo punir, um deles vai recorrer da decisão. Pode virar um imbróglio jurídico. O STM teria de se manifestar. O problema seria evitado se o governo, após a retirada do manifesto e a nota de ataque ao Congresso, pedisse aos comandantes militares que tomassem providências. Agora, ou pune e vira crise ou não pune, e desautoriza o ministro da Defesa (Celso Amorim). Transformar a questão em debate jurídico é receita certa para aumentar a crise”.

Fico tá Fora da CV

Carlos Fico não quer participar da Comissão da Verdade.

O historiador teme que a CV leve a uma “verdade histórica” única, a exemplo do que ocorreu com outros países que tiveram o mesmo processo:

“A expressão não pode ser entendida como estabelecimento da verdade oficial. O desafio da comissão é não cair em uma leitura unívoca. Comissões da Verdade em todo o mundo acabaram produzindo um relatório, associado a seus membros, que vira a narrativa oficial. Para os historiadores, o conceito de verdade não é absoluto”.

Barra pesando...

Antes de participar da abertura da Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, a Cebit, em Hannover, na Alemanha, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, a Presidenta Dilma Rousseff viu a barra pesar para ela.

No instante em que falava sobre protecionismo dos países ricos, de repente se afastou dos repórteres e gritou de dor: "Ai, ai".

Tudo por culpa da queda, no pé dela, de uma barra de sustentação da corda divisória que a separava dos jornalistas.

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.


O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva.


Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.


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© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 6 de Março de 2011.